Evelyn Postali

Tenho certeza de duas coisas: não sou resumida e não sei me definir. Do resto, não sei se sei. Não sou resumida porque não encontro as palavras certas que digam pouco com pouco. Não consigo me definir porque talvez meu resumo fosse o silêncio que carrego por dentro, ou aquele que emerge toda a vez que penso duas vezes antes de falar.

Meus medos são velhos. Velhos conhecidos rabugentos do meu passado e presente, e insistem em retomar seu curso em minha direção. Não sei se luto contra ou se me junto a eles. Meus sonhos são sempre novos, em compensação. Mirabolantes, surrealistas, despojados e intrigantes. Surpreendem-me e me arrebatam; amedrontam-me também. Renovam-se a cada nova estação.

Meus amores são eternos. Meus inimigos, eu esqueço.

Escrevo porque gosto. Escrevo o que gosto. Escrevo quando posso. E nem sempre quero. Nem tudo o que eu escrevo é para todos. Alguns dizem que não sou normal. Mas o princípio da loucura é esse, não é? “Quero o que não se pode explicar aos normais…” é uma verdade da minha lista.

Gosto de me reescrever. Não tenho medo de reconhecer que errei. Nem de pedir desculpas. Mas tenho pavor de ser enganada quando o que está em jogo é o outro. A vingança é um prato que deve ser servido frio. Sobremesas geladas são deliciosas. Chocolate com morango, mousse de maracujá, sorvete de kiwi com mamão, cassata de bombons.

Música é quase tudo. Embala o meu corpo, meu pensamento, meus sentimentos. Mas o silêncio me faz bem. Há silêncios em mim que desconheço. Há silêncios que eu não ouço. Há músicas que nunca toquei. Tem outras que odeio sem qualquer remorso.

Meus amores são diferentes, todos eles, de todos os tempos, porque o amor é diferente sempre. Meu sentir não é igual para todos eles, nem para todos os momentos com eles. Tenho tempos diferentes. Altos e baixos que me detonam e me recompõem. Gosto de me apaixonar. É a respiração do amor. Do meu, pelo menos.

Não gosto de esperar, mas aprendi a me conter. Não ando além do limite, mas já ultrapassei muitas linhas.

Junto trevos de quatro folhas. Faço pedidos para estrelas cadentes. Quando criança, eu costumava identificar as constelações do céu e perceber formas nas nuvens era uma brincadeira. Tinha uma boneca de plástico azul chamada Luluzinha. Essa é uma recordação preciosa.

Cães são quase seres humanos. Margaridas são flores especiais. Mas na minha lista existem outros bichos e outras flores. Cavalos, gatos, aves e afins. Rosas, lírios, cactos e afins. Sou observadora de pássaros.

Liberdade e amor são bens insubstituíveis. Sem eles não há nem alma, nem asas.

Tenho inclinações para o Budismo. Sou espiritualizada. Todas as religiões conduzem a Deus. Se não conduzem a Deus, não me dizem nada. Se elas fomentam a segregação, não são religião. Se não têm o amor e o respeito como princípio, de nada valem para o espírito. Tenho respeito por quem não tem crenças, também é válido se é digno.

Gosto de conhecer o que gosto.

Interessante é uma palavra difícil de explicar. Ela situa-se entre o bom e o ruim de forma duvidosa. Não procuro ser interessante. Nem quero, porque me dá medo. Interessante não define nada.

Já colecionei selos. Já troquei cartas de amor. Juntei palavras de adeus. Ganhei um falso brilhante. Milhares de promessas feitas, milhares de sentimentos desfeitos. Essa talvez seja eu.

Você é bem-vindo nos meus espaços se respeitar minhas ideias.

Trying to translate...

I'm sure of two things: I'm not summarized and I don't know how to define myself. For the rest, I don't know if I know. I'm not summarized because I can't find the right words that say little with little. I can't define myself because maybe my summary was the silence I carry inside, or the one that emerges every time I think twice before speaking.

My fears are old. Grumpy old acquaintances from my past and present, and they insist on resuming their course towards me. I don't know whether to fight them or join them. My dreams are always new, however. Mirabolantes, surrealist, stripped down and intriguing. They surprise and snatch me away; they frighten me too. They are renewed every new season.

My loves are eternal. My enemies, I forget.

I write because I like it. I write what I like. I write when I can. And I don't always want to. Not everything I write is for everyone. Some say I'm not normal. But the principle of madness is this, isn't it? “I want what can't be explained to normals…” is a truth on my list.

I like to rewrite myself. I'm not afraid to admit that I was wrong. Nor to apologize. But I'm terrified of being deceived when what's at stake is the other. Revenge is a dish that should be served cold. Frozen desserts are delicious. Chocolate with strawberry, passion fruit mousse, kiwi ice cream with papaya, chocolate cassata.

Music is almost everything. It packs my body, my thoughts, my feelings. But silence does me good. There are silences in me that I don't know. There are silences I don't hear. There are songs I've never played. There are others that I hate without any remorse.

My loves are different, all of them, of all times, because love is always different. My feeling is not the same for all of them, nor for every moment with them. I have different times. Ups and downs that detonate and recompose me. I like to fall in love. It is the breath of love. Mine, at least.

I don't like to wait, but I learned to contain myself. I don't walk over the limit, but I've crossed many lines.

I put together four-leaf clovers. I place orders for shooting stars. As a child I used to identify the constellations in the sky and noticing shapes in the clouds was a game. There was a blue plastic doll called Luluzinha. This is a precious memory.

Dogs are almost human. I love cats. Daisies are special flowers. But on my list there are other animals and other flowers. Horses, cats, birds and the like. Roses, lilies, cactuses and the like. I'm a bird watcher.

Freedom and love are irreplaceable goods. Without them there is neither soul nor wings.

I have a penchant for Buddhism. I'm spiritual. All religions lead to God. If they don't lead to God, they don't tell me anything. If they foster segregation, they are not religion. If they do not have love and respect as a principle, they are of no use to the spirit. I have respect for those who have no beliefs, it is also valid if they are worthy.

I like to know what I like.

Interesting is a hard word to explain. It falls between the good and the bad in a dubious way. I don't try to be interesting. I don't even want to, because it scares me. Interesting does not define anything.

I've already collected stamps. I've exchanged love letters. I added goodbye words. I got a fake shiny one. Thousands of promises made, thousands of feelings undone. That might be me.

You are welcome in my spaces if you respect my ideas.